A palavra meditação vem do latim meditare, que significa "voltar-se para o centro no sentido de desligar-se do mundo exterior" e "voltar a atenção para dentro de si". Em sânscrito, é chamada dhyana e é obtida pelas técnicas de dharana(concentração). Na língua chinesa, dhyana tornou-se Ch'anna, termo que sofreu uma contração e tornou-se Ch'an (Zen, em japonês). Em páli, é jhana. Significa "concentrar intensamente o espírito em algo"
A meditação encontra-se no meio de dois polos: a concentração e a contemplação. É comumente associada a religiões orientais. Há dados históricos comprovando que ela é tão antiga quanto a humanidade. Não sendo exatamente originária de um povo ou região, desenvolveu-se em várias culturas diferentes e recebeu vários nomes. Floresceu no Egito (o mais antigo relato), na Índia, entre o povo Maia etc. Apesar da associação entre as questões tradicionalmente relacionadas à espiritualidade e essa prática, a meditação pode também ser praticada como um instrumento para o desenvolvimento pessoal em um contexto não religioso. |
DefiniçãoA meditação costuma ser definida das seguintes maneiras:
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PráticaÉ fácil se observar que nossas mentes encontram-se continuamente pensando no passado (memórias) e no futuro(expectativas). Com a devida atenção, é possível se diminuir a velocidade dos pensamentos, para se observar um silênciomental em que o momento presente é vivenciado. Através da meditação, é possível separar os pensamentos da parte de nossa consciência que realiza a percepção. É possível se obter total descanso numa posição sentada e, por conseguinte, atingir maior profundidade na meditação e, assim, dissolver preocupações e problemas que bloqueiam a mente. Uma posição possível é a posição de lótus completo: o pé esquerdo apoiado sobre a coxa direita e o pé direito apoiado sobre a coxa esquerda. Outros podem sentar em meio lótus: o pé esquerdo apoiado sobre a coxa direita ou o pé direito sobre a coxa esquerda. Há pessoas que não conseguem sentar em nenhuma dessas posições e, por isso, podem sentar à maneira japonesa, ou seja, com os joelhos dobrados e o tronco apoiado sobre ambas as pernas. Pondo alguma espécie de acolchoado sob os pés, a pessoa pode facilmente permanecer nessa posição por uma hora ou uma hora e meia. Mas, na verdade, qualquer pessoa pode aprender a sentar em meio lótus, ainda que, no início, possa sentir alguma dor. Gradualmente, após algumas semanas de treino, a posição se tornará confortável. No início, enquanto a dor ainda causar muito desconforto, a pessoa deve alterar a posição das pernas ou a posição de sentar. Para as posturas de lótus completo e meio lótus, convém sentar-se sobre uma almofada, de forma que os dois joelhos se apoiem contra o chão. Os três pontos de apoio dessa posição proporcionam uma grande estabilidade. Mantenha as costas eretas. Isso é muito importante. O pescoço e a cabeça devem ficar em alinhamento com a coluna. A postura deve ser reta mas não rígida. Mantenha os olhos semiabertos, focalizados a uns dois metros à sua frente. Mantenha leve sorriso. Agora comece a seguir sua respiração e a relaxar todos os músculos. Concentre-se em manter sua coluna ereta e em seguir sua respiração. Solte-se quanto a tudo mais. Abandone-se inteiramente. Se quiser relaxar os músculos de seu rosto, contraídos pelas preocupações, medo e tristeza, deixe um leve sorriso aflorar em sua face. Quando o leve sorriso surge, todos os músculos faciais começam a relaxar. Quanto mais tempo o leve sorriso for mantido, melhor. À altura do ventre, pouse sua mão esquerda com a palma voltada para cima sobre a palma da mão direita. Solte todos os músculos dos dedos, braços e pernas. Solte-se todo como as plantas aquáticas que flutuam na corrente, enquanto sob a superfície das águas o leito do rio permanece imóvel. Não se prenda a nada a não ser à respiração e ao leve sorriso. Durante esse tempo, você tem que ser capaz de obter descanso total. A técnica para tal obtenção reside em duas coisas: observar e soltar, observar a respiração e soltar tudo mais. Solte cada músculo de seu corpo. Após uns quinze minutos, uma serenidade profunda poderá ser alcançada, enchendo-o interiormente de paz e contentamento. Mantenha-se nessaquietude. Esta prática é dos melhores remédios para se aliviar o estresse. |
DuraçãoNão há um tempo mínimo preestabelecido. Pode-se iniciar com um período de poucos minutos e, conforme se aperfeiçoa, esse tempo pode aumentar até para horas, dias, ou em casos excepcionais, até meses, como foi o caso de Palden Dorje. O mais importante é a frequência da prática, preferencialmente diária.
Objetivos
A meditação pode ser praticada por diversos motivos: desde o simples relaxamento até a busca pelo Nirvana. Muitos praticantes da meditação têm relatado melhora na concentração, consciência, autodisciplina e equanimidade.
Zen
Zen é o nome japonês da tradição (e filosofia) religiosa ch'an, que surgiu na China por volta do século VII1 . O zen costuma ser associado ao budismo do ramo maaiana2 . Foi cultivado, inicialmente, na China, Japão, Vietnã e Coreia. A prática básica do zen é o zazen(literalmente, "meditar sentado"), tipo de meditação contemplativa que visa a levar o praticante à "experiência direta da realidade" através da observação da própria mente e da paralisação dos pensamentos. O zen, tal como o conhecemos hoje, só foi possível devido à forte influência que o budismo sofreu do taoismo. Para alguns estudiosos, o zen nada mais é que a síntese dessas duas correntes de pensamento (budismo e taoismo).Outros concluem que o zen deveria ser considerado à parte do budismo, pois sua natureza e tradição tão peculiares só foram possíveis e criadas devido à influência do pensamento chinês. No zen japonês, há duas vertentes principais: soto e rinzai. Enquanto a escola soto dá maior ênfase à meditação silenciosa, a escola rinzai faz amplo uso dos koans, ou "enigmas". Atualmente, o zen é uma das escolas budistas mais conhecidas e de maior expansão no Ocidente. Segundo Alan Watts, inglês que se notabilizou no Ocidente pela divulgação do zen , este, em sua forma original chinesa, não se encontra mais na China, e o que de mais próximo se pode conhecer desta versão original é encontrado em formas de arte tradicionais do Japão que tenham sido cultivadas e transmitidas segundo esta tradição.
HistóriaComo todas as escolas budistas, o zen remete suas raízes ao budismo indiano. A palavra "zen" vem do termo sânscrito dhyāna, que denota o estado de concentração típico da prática meditativa. Na China, esse termo foi transliteradocomo channa e logo reduzido à sua forma mais curta, ch'an (禪). Daí, para ocoreano como sŏn (선) e, finalmente, para o japonês como zen. Segundo os relatos tradicionais, o estilo de prática zen foi levado da Índia à China pelo monge indiano Bodhidharma (em japonês, Daruma) por volta do ano 520. Embora a historicidade desse relato tenha sido colocada em dúvida por estudiosos modernos, a história (ou lenda) de Bodhidharma continua sendo a metáfora fundamental do zen sobre o cerne de sua prática. Segundo conta o "Registro da Transmissão da Lâmpada", um dos mais antigos textos do zen, Bodhidharma chegou à China pelo território da Dinastia Liang e, devido à sua fama de sábio, foi imediatamente convocado à corte do famoso imperador Wu-ti. O imperador, que havia apoiado enormemente o budismo na China, perguntou a Bodhidharma sobre o mérito que havia ganhado por apoiar o budismo, esperando que esse mérito lhe garantisse uma boa vida em sua encarnação seguinte. Bodhidharma, porém, respondeu: "Nenhum mérito". O imperador, enraivecido, perguntou então: "Quem é esse que está diante de mim?" (em linguagem atual, algo como "Quem você pensa que é?") Bodhidharma respondeu: "Não sei". Aturdido, o imperador concluiu que Bodhidharma devia ser louco, e o expulsou da corte. Um dos ministros então perguntou ao imperador: "Vossa Majestade Imperial sabe que é esta pessoa?" O imperador disse que não sabia. O ministro disse: "Ele é o bodisatva da compaixão, portador do selo do coração de Buda"". Cheio de arrependimento, o imperador quis chamar Bodhidharma de volta, mas o ministro advertiu que ele não voltaria nem mesmo se todos os chineses fossem buscá-lo. Outras pessoas, porém, ficaram intrigadas com sua resposta e o seguiram até a caverna aonde ele havia ido viver. Lá, se tornaram seus discípulos, e descobriram que Bodhidharma era o herdeiro espiritual de Mahakashyapa, um dos grandes discípulos de Buda.
De acordo com os ensinamentos tradicionais, Bodhidharma não sabia responder porque sua verdadeira natureza, assim como a verdadeira natureza de todas as coisas, estava além do conhecimento discursivo, de definições e de palavras. É a esta experiência direta da realidade que aspira o zen. Mahakashyapa, de quem Bodhidharma era herdeiro espiritual e sucessor, havia tido essa experiência e se iluminado. Segundos os sutras, Mahakashyapa foi o único discípulo de Buda a compreender seu Discurso do Lótus, em que Buda, sem dizer nada, apenas levantou uma flor. Era a realidade imediata, além das palavras. Depois de treinar seus discípulos por muitos anos, Bodhidharma morreu, deixando seu aluno Huike (em japonês, Daiso Eka) como sucessor. Huike foi o segundo patriarca do zen, e também deixou uma linha de sucessão da qual pouco se sabe, até chegar a Huineng (em japonês, Daikan Eno, 638-713), o sexto e último patriarca. Huineng, um dos maiores mestres da história do zen, participou de uma famosa disputa quando sucedeu seu mestre: um grupo de monges recusava-se a aceitá-lo como patriarca, e propunha outro praticante, Shenxiu, em seu lugar. Sob ameaças, Huineng foi obrigado a fugir para um templo no sul da China; no final, apoiado pela maioria dos monges, foi reconhecido como patriarca.
Algumas décadas depois, porém, a contenda foi ressucitada. Um grupo de monges, dizendo-se sucessor de Shenxiu, enfrentou um outro grupo, a Escola do Sul, que se apresentava como sucessora de Huineng. Depois de debates acalorados, a Escola do Sul acabou prevalecendo, e seus rivais desapareceram. Os registros dessa disputa são os mais antigos documentos históricos fiéis sobre a escola zen de que dispomos hoje. Mais tarde, monges coreanos foram à China para estudar as práticas da escola de Bodhidharma. Quando chegaram, o que encontraram foi uma escola que já havia desenvolvido identidade própria, com fortes influências do taoismo, e que já era conhecida pelo nome chan. Com o tempo, o chan acabou se estabelecendo na Coreia, onde recebeu o nome seon. Da mesma forma, monges chegavam de outros países da Ásia para estudar o Chan, e a escola foi se espalhando pelos países vizinhos. No Vietnã, recebeu o nome thien, e, no Japão, ficou conhecida como zen. Através da história, essas escolas cresceram de maneira independente, tendo desenvolvido identidades próprias e características bastante diferentes umas das outras.
Budismo e Zen
O zen é um ramo da tradição budista mahayana e baseia-se fundamentalmente nos ensinamentos de Siddhartha Gautama, o Buda histórico e fundador do budismo. No entanto, através de sua história, o zen também foi recebendo influências das diversas culturas dos países por onde passou. Seu período de formação na China, em particular, determinou muito de sua identidade. Ensinamentos e práticas taoistasexerceram grande influência no chan chinês. Conceitos como o wu wei, a natureza fluida da realidade e a "pedra não entalhada" ainda podem ser identificados no zen japonês e nas escolas correlatas. Mesmo a tradição zen de "mestres loucos" é claramente uma continuação da tradição dos mestres taoistas. Outra influência, embora menor, veio doconfucionismo, e, a isso soma-se, ainda, a influência que o zen recebeu do xintoísmo ao chegar no Japão. Tais peculiaridades já levaram alguns estudiosos a considerar o zen como uma escola "independente", fora da tradição mahayana — ou até mesmo fora do budismo. Essas posições, no entanto, são minoritárias: a vasta maioria dos estudiosos considera o zen uma escola budista, inserida na tradição mahayana. Todas as escolas de zen são versadas em filosofia e doutrina budistas, incluindo as Quatro Nobres Verdades, o Nobre Caminho Óctuplo e as Paramitas. No entanto, a ênfase do zen em experimentar a realidade diretamente, além de ideias e palavras, o mantém sempre nos limites da tradição. Essa abertura permitiu (e permite) que não budistas praticassem o zen, como o padre jesuíta Hugo Enomiya-Lassalle, que chegou a receber a transmissão do Dharma, e muitos outros. Existe até mesmo uma corrente de "zen cristão", assim como outras que se denominam "não sectárias".
Zazen
Para o zen, experimentar a realidade diretamente é experimentar o nirvana. Para experimentar a realidade diretamente, é preciso desapegar-se de palavras, conceitos e discursos. E, para desapegar-se disso, é preciso meditar. Por isso, o zazen("meditação sentada") é a prática fundamental do zen.
Ao meditar, o praticante senta-se sobre uma pequena almofada redonda (o zafu) e assume a postura de lótus, a postura de meio lótus, a postura burmanesa ou a postura de seiza. Unindo as mãos um pouco abaixo do umbigo (fazendo o mudra cósmico), ele semicerra suas pálpebras, pousando a vista cerca de um metro à sua frente. Na escola rinzai, os praticantes sentam-se virados para o centro da sala. Na escola soto, sentam-se virados para a parede.
Então o praticante "segue sua respiração", contando cada ciclo de inspiração e expiração, até chegar a dez. Então o ciclo recomeça. Enquanto isso, sua única tarefa é manter uma mente relaxada, aberta, concentrada mas sem tensão, e estar presente no "agora" do momento, sem se deixar levar por pensamentos ou ruminações. Quando isso acontece, ele volta a se concentrar na contagem. Os praticantes mais experientes, cujo poder de concentração (samadhi) é maior, podem abster-se de contar ou seguir sua respiração. Fazendo assim, eles estarão praticando o tipo de zazen chamadoshikantaza, "apenas sentar-se".
A duração de um período de meditação varia de acordo com a escola. Embora o período tradicional de meditação seja o tempo que uma vareta de incenso leva para queimar (de 35 a 40 minutos), escolas como a sanbo kyodan recomendam a seus alunos que não meditem por mais de 25 minutos por vez, pois a meditação pode tornar-se inerte. Na maioria das escolas, porém, os monges rotineiramente meditam entre quatro e seis períodos de 30-40 minutos todos os dias. Quanto a leigos, o mestre Dogen dizia que cinco minutos diários já eram benéficos—o que importa é a constância.
Durante os retiros (sesshins) mensais, porém, as atividades são intensificadas. Com duração de um, três, cinco ou sete dias, a rotina dos retiros prevê de nove a 12 períodos de 30-40 minutos por dia, ou até mais. Entre cada período de zazen, os praticantes "descansam" fazendo kinhin (meditação andando).
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